Me, Myself & Irene



Depois do seu desempenho admirável em Man on the Moon, corremos para ver o novo filme com Jim Carrey, mesmo sabendo que ele está de volta ao tipo de comédia física que o tornou famoso na década de 90. Não estamos esperando nenhum trabalho elaborado ou atuação shakesperiana e sabemos também que os diretores do novo filme de Carrey são famosos pelo seu humor um pouquinho 'over the edge'. Os irmãos Peter e Bobby Farelly já nos fizeram rir com Dumb and Dumber, Kingpin e There's Something About Mary, e agora nos trazem numa bandeja de plástico roxa e dourada Me, Myself & Irene.

Mesmo para os dedicados fãs de Jim Carrey (como eu) ficou difícil elogiar e dizer que o filme é realmente bom. Dá para rir, mas dá também para ficar constrangido com o tipo de humor escatológico, discriminatório, politicamente incorreto e debochado usado ad nauseum pelos diretores. Muitas cenas seriam totalmente dispensáveis, mas elas estão lá, obviamente para causar riso através do choque. No final você não sabe se está rindo porque é engraçado ou por causa do inesperado das cenas absurdas. Sem querer estragar o susto e diminuir as gargalhadas histéricas de ninguém (ou estarei prejulgando com bases em parâmetros culturais diferentes?), ainda estou me perguntando qual o valor cômico de uma galinha enfiada nos culos de um policial, uma cena de defecação pública dissolvendo-se num sorvete de chocolate, ou de uma delinqüente amamentação forçada num peito de uma loira? Ah, não foi fácil rir naturalmente. O riso veio acompanhado de um 'oh...eca!'.

Em Me, Myself & Irene, Jim Carrey é Charley, um policial da pacata cidade de Rhode Island, que se casa com sua fiel namorada de muitos anos, que o trai na noite de núpcias com o chofer da limusine que os leva para casa - um anão, negro, com um super-Q.I. e uma personalidade briguenta. Dessa traição óbvia ela engravida de trigêmeos, que Charley cria como sendo seus, enfrentando a incredulidade dos amigos e vizinhos. Até o dia que a esposa foge com o anão super dotado e deixa os meninos para Charley educar. Ele vira a chacota da cidade, que começa a tratá-lo com tanta falta de respeito que um dia ele explode e deixa vir à tona uma outra personalidade: Hank. Seu outro ego é grosseiro, desbocado, trata todos com agressividade e brutalidade. Os problemas de Charley/Hank começam a ficar fora de controle quando eles se apaixonam por uma fugitiva da polícia, Irene (Renee Zellweger). Essa estória já foi contada inúmeras vezes antes e muitos críticos estão dizendo que os irmãos Farelly estão apenas usando o mesmo roteiro que Jerry Lewis usou na década de 60 para construir seu fantástico e hilariante Professor Aloprado. Jim Carrey não deixa nada a dever a Lewis em talento para a comédia física (nem precisou de maquiagem para passear entre seu Charley e seu Hank). Mas falta algo em Me, Myself & Irene. Ou tem algo sobrando… Não consegui chegar a uma conclusão.




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