Pollock



O ator Ed Harris merece levar o Oscar de Melhor Ator deste ano pelo seu desempenho em Pollock. Ele também dirige o filme, que conta a vida do pintor norte-americano Jackson Pollock, que iniciou o movimento do Expressionismo Abstrato nos Estados Unidos com seus trabalhos de respingos de tinta nas telas.

Baseado no livro Jackson Pollock: An American Saga de Steven Naifeh, o filme mostra a obsessão do pintor pelo sucesso (e por Picasso!), sua vida na pobreza em New York, o alcoolismo, a parceria com a artista Lee Krasner (vivida no filme pela excelente Marcia Gay Harden )com quem ele se casa, seus anos de criatividade vivendo no campo, seu sucesso e a decadência, que culmina com a sua morte prematura num acidente de carro.

O filme tem uma fotografia caprichada e uma reconstituição de época (a década de 40) muito bem feita. Harris está fisicamente idêntico à Pollock, na postura, na magreza, no eterno cigarrinho na boca. E na maneira obsessiva com que o pintor trabalhava, quase que num transe.

Pollock foi um artista genial que tinha uma personalidade insegura, arrogante, vulnerável e descontrolada, parecendo estar sempre dividido entre o desejo de ser famoso e reconhecido e a rebeldia de não aceitar amarras ou imposições. Nos primeiros anos em New York, seus quadros têm uma forte influência de Picasso e Miró. A técnica do respingo, que lhe rendeu o apelido de Jack the Dripper, aconteceu por acaso, quando pintando numa tela no chão (outra característica de Pollock) ele respingou tinta fora da pintura. Seus trabalhos com respingos são fascinantes, pois o que parece apenas uma fusão aleatória de fios de tinta caoticamente jogados na tela, resultam numa imagem forte, com textura, profundidade e dimensão que saltam aos olhos, como se cada respingo tivesse sido cuidadosamente planejado.

Na sua famosa entrevista para a revista Life em 1949, a repórter pergunta a Pollock como que ele sabe quando um quadro está finalizado. Ele responde com outra pergunta: 'como você sabe quando você terminou de fazer amor?' O trabalho artístico de Jackson Pollock não refletia o seu exterior, as coisas que ele observava, mas sim o que ele sentia: era uma expressão do seu inconsciente e da sua alma.

Ed Harris fez em Pollock um trabalho preciso de direção e interpretação, montando um pequeno álbum em homenagem a um artista inovador que viveu intensamente e morreu cedo demais.




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