Tangled Up In Blues



Minha diretora na escola e tutora nos meus caminhos musicais fez uma cópia de um K7 velho que ela tem no carro dela. E explicou, rindo avermelhada, que não tem um cd player no carro e que como não compra mais K7s, acabou ficando com somente uma fita, tocando dia-e-noite, noite-e-dia, over and over..... E eu precisava ouvir o que estava gravado nessa fita velha, única e ralada- um LP de 1980 chamado Mileage, trabalho do músico John Hammond.

John Hammond é Junior, porque seu pai, John Hammond, também trabalhava na área musical, só que ele era um descobridor a agenciador de talentos. Trabalhando para a Columbia Records, foi ele que levou nomes como Billie Holiday, Aretha Franklin, Bruce Springsteen, Steve Ray Vaughan e o gênio Bob Dylan para a gravadora. Mas, morto o pai, o nome continua no filho. John Hammond Jr. está na estrada desde 1962 e continua cantando o Blues com uma das vozes mais sensuais do planeta. Detalhe : ele é BRANCO! Por isso eu não tinha me interessado por ele antes...!!

Minha diretora contou que viu um show dele há muitos anos atrás e era um show pequeno num bar e ela sentou-se tão pertinho do palco que via o suor escorrendo no rosto dele. Bom, nós rolávamos os olhos e fazíamos caras enquanto falávamos nisso, porque queríamos dizer em alto e bom som que achávamos o John Hammond um tesão, mas estávamos no meio da classe cheia de crianças e minha diretora só ousou dizer que ele era muiito sexy! E é mesmo!! Uau.... Canta Blues e é bonitão e sexy! O que mais podemos querer, além de pensar no quanto pagaríamos hoje para vê-lo de pertinho, todo suado....!!

Então estou com a cópia do K7 , que toca night and day no cassete player da Francine, rolando entre meus dedos, sem ter onde tocar. Não tenho um walkman aqui! Que coisa mais obsoleta - um walkman! Não vai ser hoje que vou ouvir o Mileage do John Hammond. Mas o que já ouvi, num outro trabalho mais recente chamado Trouble No More, me bastou para ficar fã desse branquelo! Enquanto isso, me contento com outras coisas (de língua de fora... arf, arf!)....

The House of Blues é uma casa de shows. Como as pragas de Hard Rock Cafes e Planets Hollywoods eles começaram na Califórnia e já se expandiram across the country. HOB é como um templo, um lugar sagrado, onde se preserva e se escuta o melhor do Blues. Eles têm rádio, restaurantes e agora estão lançando uns Cds que são umas preciosidades. Fora uns trabalhos de doutrinação e educação, com títulos de Essential Blues, ou apresentando os Blues Brothers, há os 'This Ain't No Tribute', com covers de artistas como Dylan, Stones, Clapton e Janis Joplin.

'Paint It Blue - Songs of The Rolling Stones', é imperdível ouvir a lenda do Blues de Chicago, Junior Wells, cantando '(I Can't Get No) Satisfaction'. Ele morreu logo depois de fazer, segundo suas próprias palavras, um payback para os Rolling Stones, que na década de 70 chamaram Wells para tocar na abertura de seus shows ( Sabe-se que os velhos Bluesmen morreram quase todos pobres. Salvo alguns, que fizeram sucesso na década de 60 e 70, graças ao resgate feito pelo historiador Alan Lomax e pelas reverências prestadas pelos artistas do Rock'n'Roll). Lindíssimas também 'Wild Horses', com Otis Clay e 'Moonlight Mile', com Alvin 'Youngblood' Hart. Swing maneiro com os negros do Blues homenageando os brancos que beberam na fonte de Muddy Waters e Robert Johnson e nunca deixaram de mostrar onde estavam suas raízes!

E em 'Blues Down Deep - Songs of Janis Joplin' fica difícil escolher o cover preferido. 'What Good Can Drinkin' Do' com Tracy Nelson, 'Ball and Chain' com Etta James ou 'Get It While You Can', com Koko Taylor. Todas cantando em homenagem à voz e alma de Blues que fez um cross-over com o Rock'n'Roll. Tem um monte de estórinhas que eu queria contar (da Etta e Janis se cruzando), mas agora não vai dar. A porcaria do meu jornal entrou online e eu vou ter que concentrar os olhos nas notícias de economia (bleargh!!). E eu to doente... um vírus (ou vários, sei lá) que me pegou desde sexta-feira passada... Um vírus que não decidiu ainda se veio pra me deixar de cama ou só pra me pôr de mau humor outra vez.




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